Os lagos são formações transitórias e sua produtividade esta relacionada com sua antiguidade uma vez que tendem a ser preenchidos por um material fino que se deposita no fundo sob a forma de lodo, grande parte desse lodo é formado de matéria orgânica que pode constituir fonte nutritiva para grande número de organismos (BRANCO, 1986). A construção de represamentos, o desvio de cursos d’água e a formação de lagos artificiais têm aumentado de forma significativa nos últimos anos. Essas ações antrópicas têm provocado respostas ambientais diversas, como a modificação da dinâmica da água, a sucessão de comunidades e a extinção de espécies (CECILIO et al., 1997). As populações de peixes atingidas por essas modificações sofrem profundas alterações. A riqueza em espécies de peixes de um lago é limitada pela capacidade das espécies de persistir e coexistir nesse ambiente e resulta do equilíbrio entre colonização e perdas por extinções locais (BARBOUR e BROWN, 1974 apud POMPEU, 2003). A lagoa Paiaguás apresenta uma ictiofauna composta de pelo menos três ordens, são elas Siluriforme, Perciformes e Characiformes, sendo a última a que apresenta maior diversidade em espécies e em número de indivíduos (CUSTÓDIO, 2005). Os estudos de ecologia trófica de peixes, através da análise de conteúdos estomacais, fornecem uma oportunidade, ainda que indireta, de se avaliar de forma mais ampla a estrutura do ecossistema onde estes seres vivem. O principal objetivo desse estudo foi caracterizar os hábitos alimentares dos Astyanax bimaculatus da lagoa Paiaguás em Cuiabá-MT.