Em seu livro de 1637, considerado uma das obras fundadoras do racionalismo moderno, René Descartes considera longamente múltiplas fontes de erro para suas conclusões. Após longa explanação, Descartes percebe que toda a fonte de seu saber é oriunda de observações, influenciadas por diversas opiniões, crenças e conhecimentos acumulados e se questiona se aquilo que considera “a verdade” não seria apenas uma ilusão, ou uma versão falseada da verdade. Elabora então um método que acredita ser capaz de livrar-se de todas as influências sobre seu pensamento, a fim de obter a verdade.(DESCARTES, 1637)
A preocupação de Descartes mostrou-se tão pertinente, que sua obra e pensamentos influenciam até hoje o desenvolvimento científico mundial, mesmo que seja para negá-lo. Entretanto, a evolução da discussão sobre o pensamento e como chegamos a determinadas conclusões, reforça a preocupação de Descartes. Atualmente sabe-se que, ao contrário daquilo que já foi defendido no passado (CHENIAUX, 2010), o pensamento humano não é lógico-formal ou, de certa forma, cartesiano. Os modelos contemporâneos de como se dá o raciocínio, apontam na direção de que este é muito mais parecido com uma equação bayesiana, onde as diferentes variáveis influenciam a probabilidade de algo ser considerado verdadeiro ou não (A. MAHER, 2001). Desta forma, para se cometer um erro ou falsear uma avaliação basta que haja uma influência forte o suficiente e não uma ruptura da lógica.