O estudo descreve a composição e estrutura da comunidade de larvas e juvenis de peixes associada a bancos de macrófitas aquáticas e avalia a importância dessas vegetações para o desenvolvimento dos estágios iniciais de vida da ictiofauna em uma ilha aluvial no Baixo Amazonas, Pará, Brasil. As amostragens foram realizadas durante os momentos de cheia/vazante de 2017 (ciclo I) e enchente de 2018 (ciclo II) em bancos de macrófitas por meio de um peneirão (malha 500 µm). Em laboratório os indivíduos foram identificados e classificados quanto ao seu estágio de desenvolvimento e verificada a abundância, a composição das espécies e similaridade entre os ciclos de amostragens. Uma análise de variância e teste t foram utilizados para constatar diferenças das densidades entre os estágios de desenvolvimento e ciclos hidrológicos, respectivamente. Foram capturados 2.193 indivíduos, dos quais 87, 91% ainda em fase larval e 12, 08% juvenil, classificados em 84 táxons e distribuídos em nove ordens, 24 famílias, 50 gêneros e 72 espécies. Durante o ciclo I, houve maior predominância de indivíduos juvenis de espécies de pequeno porte, que possuem importante função na transferência de energia no ecossistema aquático, enquanto no ciclo II os maiores valores de abundância foram registrados para as espécies de interesse econômico e de médio porte capturadas em estágios iniciais de desenvolvimento. Não foi observada diferença significativa na densidade de indivíduos entre os ciclos de amostragem, porém através da análise de similaridade foi registrada uma variação na composição de espécies entre os ciclos. A maior riqueza de espécies, dominância e densidade de indivíduos foram registradas durante a enchente. A cheia/vazante apresentou maiores valores de equitabilidade e diversidade de espécies. Assim, a comunidade de larvas e juvenis de peixes em vegetação aquática em várzea do Baixo Amazonas demonstra ser influenciada pelo ciclo hidrológico, garantindo a manutenção e renovação da ictiofauna.