Abordar a presença das mulheres na imprensa periódica colonial do antigo império português significa tentarmos definir, ainda que provisoriamente, os aspetos principais do «objeto» de reflexão proposto no dossier que se apresenta. 1 Em primeiro lugar, ao propormos uma abordagem conjunta, sob o termo «colonial», da imprensa periódica publicada tanto na antiga metrópole, quanto nos diversos espaços colonizados por Portugal, apontamos para algumas perspetivas da historiografia sobre os colonialismos europeus que têm vindo a estilhaçar as visões polarizadas, analisando as reverberações sociais e políticas entre metrópoles e colónias, os trânsitos de ideias e imaginários, bem como a dimensão «fabricada» da diferença (Burton 1994; Cooper e Stoler 1997). Alargando o foco nacional da abordagem de Benedict Anderson (1991) do papel da imprensa na construção de comunidades imaginadas, alguns estudos analisam o modo como a imprensa periódica foi uma ferramenta incontornável para alimentar ideias e narrativas das identidades europeias transplantadas nas colónias (Codell 2003), que nunca se constituíram como simples reproduções das