O presente estudo foi motivado por lacunas teóricas sobre a governança e gestão de redes horizontais de empresas e suas relações com o capital social dos empresários e o desempenho das empresas participantes. Argumenta-se que, apesar do interesse acadêmico na cooperação interorganizacional, os estudos enfatizam excessivamente os motivos e benefícios das estratégias cooperativas, mas pouco os aspectos internos de organização das redes horizontais. Além disso, estima-se que no Brasil tenham sido constituídas até o presente aproximadamente 1.000 redes horizontais, formadas principalmente por micro e pequenas empresas que mantêm sua individualidade legal, mas usufruem dos benefícios que o trabalho em rede proporciona. Através de uma pesquisa com 218 empresas associadas a 34 redes horizontais no Brasil, analisou-se como a governança da rede, as práticas de gestão da rede e o capital social dos empresários estão relacionados ao desempenho empresarial. Os resultados mostram que a governança se modifica de acordo com as características da rede em termos de tempo de existência, número de associados e abrangência geográfica. Além disso, verificou-se a relação negativa da centralização das decisões nas redes tanto para o desempenho das empresas associadas quanto para o capital social dos empresários. Esse resultado aponta para um dilema que as redes brasileiras devem enfrentar à medida que crescem: desenvolver sistemas de governança que sejam suficientemente ágeis e eficientes em mercados altamente competitivos e que, ao mesmo tempo, garantam a participação dos empresários e o alinhamento das decisões com os interesses dos associados. As análises também confirmaram o papel do capital social do empresário como fonte de informações e recursos positivamente relacionados aos resultados da sua empresa, assim como o papel das práticas de gestão da rede para potencializar esse desempenho. Entre as contribuições teóricas do trabalho está a adoção de uma nova perspectiva do conceito de governança em redes horizontais de empresas, entendido aqui como as ‘regras do jogo’ da cooperação. O estudo também confirma a importância do número e diversidade dos contatos dos empresários dentro da rede, a qualidade dos relacionamentos e a semelhança cognitiva para o desempenho empresarial. Verificou-se ainda que o nível de acesso a informações atua como variável mediadora da influência do capital social sobre o desempenho empresarial.