O objetivo deste trabalho foi compreender os projetos de vida de um grupo de adolescentes grávidas, investigando quais eram esses projetos antes de as jovens engravidarem e quais os seus planos futuros depois de gravidez se confirmar. Participaram da pesquisa, 16 jovens grávidas, entre 13 e 19 anos, que residiam em Curitiba-PR e eram atendidas em ambulatório de pré-natal em maternidade do SUS. Os cuidados éticos foram observados. Foram utilizadas, como instrumento de pesquisa, entrevistas semiestruturadas, com perguntas baseadas em roteiro que contemplou temas sobre a gravidez na adolescência, tais como: a reação das adolescentes e de suas famílias à gravidez, os projetos de vida dessas adolescentes antes de terem engravidado, seus projetos de vida após a constatação da gravidez; entre outros. As entrevistas foram gravadas, transcritas e, posteriormente, submetidas à análise de conteúdo. Percebeu-se que a maioria das futuras mães não planejou a gravidez, nem tinha pensado sobre suas prováveis repercussões. Os projetos de vida anteriores à gravidez mostraram-se ausentes ou vagamente estruturados–“estudar e trabalhar”–enquanto as consequências da nova realidade não eram percebidas com nitidez pelas jovens. Esse fato pode estar relacionado à qualidade precária do ensino público, que não proporciona ferramentas necessárias para que os alunos desenvolvam a capacidade de abstração e o senso crítico, de modo a elaborar estratégias viáveis para alcançar seus objetivos. Paralelamente, essas adolescentes enfrentam dificuldades no interior de suas famílias e comunidades, que geralmente não lhes fornecem elementos e oportunidades para construir projetos de vida inovadores. Conclui-se que condições como o contexto educacional, social e histórico podem ajudar a compreender a falta de projetos de vida mais autênticos e consistentes.