Este artigo apresenta reflexões resultantes de pesquisa de mestrado em Educação que objetivou dialogar com estudantes cotistas do curso de Engenharia Mecânica a fim de desvelar suas percepções acerca da implementação da Lei 12.711. Para tanto, o percurso metodológico da investigação contemplou análise documental referente ao processo de preenchimento de vagas do curso; contato telefônico com discentes para identificar causas de suas desistências; aplicação de questionário para levantamento de dados socioeconômicos e realização de entrevistas. Na percepção dos cotistas, a reserva de vagas garantida pela Lei 12.711 pode ampliar a oportunidade de acesso para estudantes de escolas públicas, com baixa renda, afrodescendentes e indígenas. No entanto, para que a lei de cotas se configure como promotora de justiça social é necessário, ainda, o enfrentamento a alguns desafios, quais sejam: a) não se limitar a aspectos de acesso, mas ampliar medidas que favoreçam a permanência destes estudantes; b) avaliar o modo como cotistas são recebidos e acolhidos por seus pares, docentes e funcionários das instituições de ensino; c) desenvolver mecanismos de acompanhamento e apoio do desempenho acadêmico, didático e psicopedagógico dos estudantes; d) aumentar recursos do Programa Nacional de Assistência Estudantil; e) melhorar a qualidade da educação básica em escolas públicas.