O objetivo deste artigo é focar alguns aspectos do desenvolvimento da crítica relativa às literaturas africanas de língua portuguesa, a partir de textos críticos da década de 80 – época em que se consolida a institucionalização desta disciplina nas universidades portuguesas. Mais do que traçar uma história factual da disciplina, pretendo abordar um conjunto de textos críticos fundadores de uma área de estudos fortemente marcada por investimentos ideológicos por parte dos agentes envolvidos. Por outras palavras, tal como foi acontecendo em vários contextos intelectuais emergidos da dominação colonial, o domínio do saber – neste caso, o domínio da crítica e dos estudos literários – constitui um campo de confrontação entre instâncias ideológicas distintas, cuja abordagem se torna crucial para a atual reflexão em torno da necessidade generalizada de descolonizar o conhecimento em todas as suas facetas.