O presente artigo tem por objetivo analisar os desdobramentos daquilo que passou a ser chamado pelas novíssimas direitas de “ideologia de gênero”, tendo em vista essa recente forma de difusão e capilarização de certa narrativa que opera como verdade decorrente de novas tecnologias de poder que atuam no ciberespaço através do empreendedorismo moral orientado por certo marketing político de tradição neoconservadora. Considerando o debate epistemológico acerca da pós-verdade, procuramos por meio do método cibercartográfico, identificar como a divulgação incessante de materiais de apelo emotivo que valorizam muito mais a forma do que o conteúdo, tal qual como memes, fake news e teorias conspiratórias difundidas nas mídias digitais, têm legitimado o combate aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e das minorias sexuais, procurando alterar a percepção acerca de entendimentos sobre a categoria gênero que é apresentada como consenso no campo acadêmico nacional e internacional e corroborada pela Organização Mundial da Saúde–OMS e a Associação Psiquiátrica Americana.