A consolidação do campo dos Estudos Baseados em Práticas (EBP) nos Estudos Organizacionais tem colocado o desafio de se pensar que, nas organizações, as práticas não somente produzem emoções, mas que as emoções são uma forma de engajamento prático com o mundo. Este entendimento possibilita desconstruir a dicotomia razão/emoção produzida nas análises organizacionais e compreender que as organizações também se constituem com base em suas práticas emocionais. Deste modo, a etnografia tem sido considerada como um dos principais métodos que viabilizam o trabalho de campo nas pesquisas, cujas práticas emocionais são consideradas como unidade de análise, por possibilitar o envolvimento direto do pesquisador com o campo de pesquisa. Estes debates podem ser profícuos nos estudos sobre as organizações culturais e artísticas, especialmente pela discussão dos efeitos das práticas emocionais no processo criativo e organizativo dos artistas, bem como no entendimento de um cotidiano de trabalho que se constitui com base em múltiplas localidades e deslocamentos socioespaciais. Neste artigo, realizamos um estudo etnográfico multissituado em dois circos contemporâneos, um brasileiro e outro canadense, destacando como as práticas emocionais constituem a política emocional do organizar destas organizações culturais.