Objetivo
analisar como as mídias digitais retrataram a violência contra a mulher no início da pandemia da COVID-19, no Brasil, à luz de gênero.
Método
estudo descritivo de abordagem qualitativa que utilizou dados online (notícias e comentários) publicados em plataformas digitais: portais de notícias, jornais, sites governamentais e de organizações feministas e rede social Twitter. Os dados foram extraídos por meio de instrumento semiestruturado e tratados pela análise de conteúdo temática, com suporte do software webQDA.
Resultados
foram encontradas três categorias empíricas: os reflexos da COVID-19 nos números da violência contra a mulher; a COVID-19 desvelando a violência contra a mulher no público e no privado; COVID-19 e violência contra a mulher: duas pandemias em paralelo. No início da pandemia constataram-se aumento e agravamento das violações, provavelmente relacionados ao distanciamento social e à piora da crise econômica. As narrativas abordaram a violência contra a mulher primordialmente como um fenômeno diretamente relacionado à pandemia e às medidas de distanciamento social ou às consequências da crise sanitária.
Conclusão
os resultados instigam à reflexão e provocam o reconhecimento da vulnerabilidade das mulheres à violência no ambiente doméstico, por meio da abordagem crítica do fenômeno pelas mídias para a desconstrução dos padrões sexistas androcêntricos e para a busca pela equidade de gênero. Ficou evidente a potencialidade das mídias digitais para compreender a expressão da violência contra a mulher em um momento singular da história, estimulando reflexões que podem contribuir para o seu enfrentamento.