Esta tese é o resultado de uma pesquisa que visou à investigação da crise do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua no Distrito Federal, empiricamente constatada e confirmada em dados etnográficos, e suas conseqüências para o protagonismo juvenil, objetivo central do Movimento. Para realizar esta pesquisa, foram utilizados métodos etnográficos para geração e coleta de dados. Os métodos selecionados foram a observação participante, as notas de campo, as entrevistas focalizadas, os grupos focais e a gravação de reuniões. Foi realizada observação participante na sede do Movimento na Asa Norte e junto aos núcleos de base do Movimento em cidades satélites de Brasília, desde abril de 2005 até o encerramento das atividades dos núcleos de base em dezembro de 2005. A observação foi registrada em notas de campo, sob a forma de diário de pesquisa. Foram realizados dois encontros de grupos focais em abril de 2006; ambos os grupos tiveram como participantes jovens que na infância e/ou adolescência participaram do Movimento e na juventude mantiveram vínculos com a instituição. Quatro entrevistas focalizadas foram realizadas com membros do MNMMR/DF entre outubro de 2006 e fevereiro de 2007. Participaram das entrevistas duas jovens protagonistas, líderes de núcleos de base, e duas educadoras do Movimento. Duas reuniões foram gravadas; a primeira foi registrada em março de 2006, e a segunda em março de 2007. Como referencial teórico e epistemológico, foi explorada a articulação interdisciplinar entre a Análise de Discurso Crítica e o Realismo Crítico. Para as análises de dados foram utilizadas categorias da Análise de Discurso Crítica, como a interdiscursividade, a modalidade, a coesão, a metáfora, a representação de atores sociais. Os resultados das análises apontam algumas causas discursivas da crise do Movimento, de acordo com pressupostos da crítica explanatória do Realismo Crítico. Os principais mecanismos gerativos que explicam o problema, apontados nos dados, são as contradições na construção de identidades e identificações, no que se refere à constituição da posição ‘menina-educadora’; as relações sociais hierárquicas resistentes à transformação; a crise de legitimação social da luta do Movimento; a adesão ao discurso da imobilidade das estruturas sociais; a carência de recursos simbólicos ligados ao discurso e a naturalização da incapacidade de transformar essa carência; a ausência de espaços legítimos de transição de papéis na instituição. Os capítulos analíticos da tese possibilitam, portanto, reflexões acerca da crise do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua no Distrito Federal e suas conseqüências para o protagonismo juvenil, gerando compreensão de algumas das causas discursivas dessa crise e de seus efeitos para a instituição. _________________________________________________________________________________ ABSTRACT