A relação entre o desenvolvimento e a forma pelo qual as firmas financiam o seu crescimento foi até recentemente um tema pouco explorado pela literatura econômica. Essa lacuna parece estar relacionada, por um lado, ao fato de a teoria moderna sobre finanças corporativas ter como base um artigo de Modigliani e Miller (1958) demonstrando que, sob condições ideais de mercado, a estrutura de capital das empresas é irrelevante do ponto de vista do seu crescimento e, por outro, à pouca atenção dada pela literatura sobre desenvolvimento às chamadas questões microeconômicas.
As experiências de vários países, no entanto, apontam para diferenças importantes em termos de estruturas de financiamento das firmas, que aparecem normalmente associadas a desempenhos macroeconômicos igualmente divergentes. Esse fato adquire especial relevância quando se leva em consideração que os resultados de Modigliani e Miller dependem de pressupostos que estão muito distantes da realidade dos mercados, particularmente nos países em desenvolvimento. No Japão e nos Estados Unidos, só para citar as duas maiores economias mundiais, as diferenças em termos de fontes de financiamento das firmas são evidentes e dizem respeito principalmente à participação dos empréstimos bancários, uma fonte importante para as firmas japonesas mas secundária para as americanas. Essas diferenças podem ser associadas a desempenhos macroeconômicos igualmente divergentes. As décadas de 70 e 80, por exemplo, foram marcadas pela superioridade japonesa, ao passo que na década de 90, particularmente na sua segunda metade, a superioridade tem sido americana. No mundo em desenvolvimento, destaca-se o contraste entre os países latino-americanos, que seguiram de perto o padrão americano, e os asiáticos, que em sua maioria reproduziram o padrão japonês, com claras vantagens para os últimos em termos de taxas de crescimento nas três últimas décadas.