A investigação em Educação é um campo de acção e pensamento multi-referenciado se tomarmos em consideração a diversidade de perspectivas disciplinares, epistemológicas e metodológicas que integra, de formas múltiplas e frequentemente imbuídas de tensões e ambiguidades. É, igualmente, um campo de acção e pensamento multi-referenciado se recordarmos a diversidade de práticas educativas, bem como de percursos, contextos profissionais e áreas disciplinares de formação de base dos sujeitos que investigam em educação, a qual origina uma multiplicidade de trajectos e interesses de pesquisa no seio desta comunidade científica. Noutros termos, neste campo científico coexistem diversas perspectivas disciplinares e abordagens metodológicas, ao mesmo tempo que a comunidade científica é composta por profissionais de vários contextos de educação/formação e segmentos do sistema educativo.
Com efeito, argumentamos que a multi-referencialidade da investigação em educação decorre do cruzamento entre duas vertentes indissociáveis: as abordagens (teórico-metodológicas) de pesquisa e o perfil (formação disciplinar e trajecto profissional) dos investigadores que as desenvolvem. Ora, esta característica de multi-referencialidade constitui, simultaneamente, uma potencialidade, no sentido em que a inter-ligação entre diferentes perspectivas pode alargar as possibilidades de compreensão dos fenómenos educativos, mas também um constrangimento, na medida em que implica a mobilização e compreensão de uma diversidade de perspectivas. Investigar em educação pode ser, por