O tráfico de drogas é um dos elementos-chave para a compreensão da dinâmica da segurança internacional na América Latina. O narcotráfico ganhou destaque na agenda de segurança a partir da década de 1970 com a declaração norteamericana de “guerra às drogas” e passou a ser um dos componentes centrais da agenda de segurança hemisférica dos EUA. Nas últimas décadas do século XX, o tráfico de drogas se tornou uma “ameaça” à segurança pública, nacional e internacional com alcance global e o seu combate foi intensificado nos países latino-americanos concentrando esforços e articulações diplomáticas, políticas, militares e policiais se estendendo até os nossos dias. A forte repressão do tráfico e uso de drogas ilícitas não suprimiu o narcotráfico, pelo contrário, ele se ampliou, se ramificou e se transnacionalizou expandindo a economia das drogas, seus fluxos e suas conexões com outras modalidades de crime organizado, milícias, paramilitares e guerrilhas. Para compreendermos a complexidade desta questão será necessário uma abordagem teórica que analise as fontes sociopolíticas da construção do tráfico de drogas como problema de segurança, bem como a emergência de conceitos e noções que foram cristalizadas no decorrer desse processo histórico. O enfoque deste trabalho se dará a partir de uma perspectiva regional sobre os aspectos de segurança e defesa na região andina. O seu objetivo é problematizar, a partir de uma perspectiva pós-colonial, as relações de poder assimétricas que caracterizam a subalternização da política de combate ao tráfico de drogas nos Andes no final do século XX e início do século XXI.